domingo, 4 de agosto de 2013

Pânico no avião



Este é um post de ódio.

A raiva que tenho em mim neste momento tem 5 segundos para se libertar. Espero que as palavras ajudem senão vou ter que começar a destruir coisas no aeroporto de Eindhoven. Fui assaltada. Basicamente, apanhei uma low cost Budapeste – Eindhoven.

Até fiquei satisfeita de o terminal ser o mesmo que os voos regulares, e de poder dar uma boa volta pelas variadas lojas de marcas internacionais de forma a matar as 2h de espera que me aguardavam, e distrair da directa que tive de fazer por causa deste voo matinal. Para acrescentar, uma noitada seguida de um casamento húngaro que começou às 15 e acabou às 2h do mesmo dia, muitos copos de vinho, e uma temperatura de 37ºC que se insistia em manter, dia e noite.

Como devem calcular já não cheguei muito animada aos portões. Corri o bonito aeroporto até ao fim, procurando a porta A17. No final existia uma seta indicando A15-A19. Apontava a umas escadas muito mal amanhadas que davam para a rua. Quase dei um trambolhão numa laje levantada. Devia ser um aviso. Depois de descer a escada atravessa-se o aeroporto a pé num caminho cercado por cancelas que termina numa espécie de barracão. Eu penso que as low costs fazem de propósito para a malta se sentir como uma vara de porcos a caminho do abate. Quando entro no barracação apercebo-e, por milésimos de segundo, do seu interior. Mais algumas grades e completa ausência de cadeiras.

“Heloooooooooooooooooooooooo” – May I see your boarding card?

Sou imediadamente atropelada por um rapaz com um sorriso demasiado simpático:

“May I see your bag? Can you put t over there?” E aponta-me para o medidor de malas da wizzar.

Eventualmente não detentora de toda a minha capacidade mental de momento, poiso desinteressada a mala do medidor. A mala não entra.

“See, here at wizzar we only allow small bags, yours is an oversized bag, you shoud have booked it.”

“I don’t understand, I naver had problems with my bag” – Foi apenas o que me ocorreu.

Entretanto o rapaz aponta-me para um cartaz que diz – tipos de bagagem permitida com uma mochila ou um trolley igual ao meu – por baixo da imagem do trolley, a letras microscópicas diz – pay fee. Publicidade enganosa no seu melhor.

“Now you have to pay a fee: 12.000 HUF or 40 euros.”

“I don’t have that money!”

“We accept credit cards.”

40 euros para uma pessoa que está desempregada é muito dinheiro. É o sustento para uma semana, é a excentricidade de poder comprar o bilhete para um festival de verão (o que evitei fazer para não ter a despesa). É uma viagem de ida e volta para cerca de 10 países a partir de Budapeste. Aliás era o preço da minha própria viagem.

Para alem de ter estoirado o dinheiro apercebo-me logo de seguida que estou a fazer um voo de escala e que em Eindhoven a situação se iria provavelmente repetir. Esperariam-me então duas angustiantes horas no avião a pensar em que ordem iria vestir toda a roupa que tenho na mala e de seguida que items conseguiria enfiar numa mochila e quais teria de pôr no caixote do lixo. Finalmente, fui-me despedindo mentalmente do meu trolley favorito, companheiro de tantas viagens.

Ao aterrar em Eindhoven corri para o medidor de bagagem para começar a milha missão de encolher a mala. Peguei na mala, coloquei-a no medidor.

A mala entrou.

A mala cabia.

O único erro foi que, no aeroporto de Budapeste, devia ter colocado a mala na ordem inversa, rodas para cima, pega para baixo. Mas isso não me ocorreu naquele momento.



Por esta altura começo a desconfiar que quem merecia o ódio era eu.

Acho que me vou conseguir controlar aqui na Holanda e fazer um calmo regresso a Portugal.

Que este post sirva pelo menos para vos alertar para as manhas das low costs. Elas estão à espera do vosso mínimo deslize, da mais pequena distração, para vos cobrar uma irremediável taxa extra sobre mil e um exóticos pretextos.



Cuidado!

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