sexta-feira, 11 de abril de 2014

Obrigada



Vocês nem imaginam o que tenho para vos contar. Talvez seja tão pouco. Mas no outro dia, enquanto regressava para casa sozinha dei por mim a agradecer. 
O que se passa é que estou a morar numa cidade cheia de pedestais, de cúpulas e de pórticos, cheia de pessoas que para cá vieram por amor. Aliás - Todas as pessoas vêm para cá por amor - ou pela cidade, ou por alguém. E é por isso que nunca vi tantos namorados como em Budapeste. É por isso que dizem que não escolheram Budapeste, mas que Budapeste as escolheu a elas.
O que se passa também é que esta é uma cidade cheia de copos de vinho, de copos de cerveja, copos de palinka, cadeiras, mesas, telheiros, risos - principalmente ditos em inglês (sim, continuo a achar que a maior parte dos risos são em inglês) mas não faz mal, afinal são as pessoas que se cruzam, que trazem as cores e a diversidade. 
A verdade é que estou num país onde cada palavra pode ser terminada de 20 maneiras diferentes de acordo com o contexto, direção e destino, porque há milhares de anos tribos vindas da actual Finlândia e de outros lugares se cruzaram aqui e deixaram a sua história nas línguas e nos dentes.
O que se passa é isso, não pensem que é sempre fácil mas dei por mim a agradecer. E sei perfeitamente todas as vezes que fiz isso: Num barco que saía de Oslo ao pôr do sol. Nas ruas de Malmö. Num templo tailandês. A olhar rio através de Lisboa e do arco doTerreiro do Paço, da minha janela. A ouvir o vento murmurar nos pinheiros. E eu sei que custa. 
Mas a vida é linda, se a quisermos.

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