quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Dois Montenegros


Arrependo-me de tudo o que escrevo sobre o Montenegro, é um país confuso depois deste tempo. Vi-lhe o Verão, o Outono e agora o Inverno. As montanhas a mudar de cor. Fascinei-me ao virar de cada  estrada, a seguir a cada passo. Mas arrependo-me sempre do que quero dizer. Talvez existam dois Montenegros. Aquele que fica à superfície, esplendoroso, e aquele que fica debaixo, confuso e entrópico, e que só se revela a quem insiste em acordar sistematicamente sob o mesmo tecto. Todos os dias são um duelo entre os dois Montenegros, entre o branco incorrompível da neve e o negro da imprevisibilidade nas pessoas e nos lugares. Às vezes referem-se a outros países como "a Europa" como se aqui não o fosse, e não o é. Embora tão perto, embora o pareça para quem olha as ruas, as lojas, as casas, deixa de o ser nas mentes e nos ritmos. Então é preciso entender que dimensão é esta, e é preciso aceitar e perder um pouco de nós, ou então aprender a ir embora.

Sem comentários:

Enviar um comentário