quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Bela Maramures


Maramures - Roménia

Qual flor de finas pétalas em cúpula de cristal
Maramures repousa.
Qual nascente da mais pura água
Maramures permanece.
Eu ontem viajei até ao remoto lugar. Um paraíso onde Deus não deixou passar o tempo. Guardou-o, provavelmente, junto ao coração, para o povoar com as suas igrejas e pessoas pequenas de alma tão pura como o vento.
Eu ontem entrei num quadro impressionista de ceifeiras e pastores e campos semeados como quem ama. Eu não sei se este lugar nasceu de uma pintura, ou se a pintura nasceu deste lugar. Tudo é demasiado fantástico, toda a alma é demasiado boa, toda a casa é demasiado honesta. Eu tenho medo de violar este lugar resguardado do resto do mundo. Aqui não há raiva, não há pressa, não há ganância. Aqui as pessoas dizem adeus e abrem as portas. E pedem para ficar. Fica fica devem dizer, entendemos-nos em línguas inventadas. Devíamos ficar sim, porque partimos? Há tanto a aprender aqui. Há tanto que não necessitamos. Daqui, em alternância: igrejas de madeira, cemitérios, galinhas, fardos de palha, carroças, regatos, ovelhas. Daqui, em valores: senhoras de braços dados, os mortos e o passado, sempre o passado, a família e a comunidade, o pão, os campos, a comunhão, a vida para os outros, a vida para a terra.

De Maramures apenas um desejo. Que para sempre permaneça, que nunca se corrompa. Abençoado aquele que venha visitar.

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