Os silêncios são onde existem as vozes:
Espaços brancos cheios de vazios.
As conversas dizem-se mudas
Pelos dedos.
Eu sei, eu sou das palavras não ditas
De um limbo flutuante
Como a geada pairando sobre o estio
Em manhãs azuis
Eu sou das palavras que saem pelas mãos
E não pela boca
Das que não têm tempo, nem voz, nem lugar
Daquelas que entram pelos olhos, e não pelos ouvidos
Palavras-corpo, palavras-casulo
narradas mudas por vozes etéreas
Castelos erigidos em teias de seda
Paixões perdidas, inimaginadas.
O mundo suspenso antes dos suspiros!
Eu pertenço, embriagada.
Porque é no silêncio,
contido de formas caligráficas
Que moram os dragões de escamas douradas.
Eu pertenço, embriagada.
Porque é no silêncio,
contido de formas caligráficas
Que moram os dragões de escamas douradas.
E as criaturas de corações bordados.
E eu recuso o som como recuso cada ponto final
Eu quero um mundo repleto de expectativa
De coisas por acontecer e de promessas
Eu quero habitar nas casas dos Ós, os pontos dos Ís
Permanecer em eterna possibilidade
Enamorar-me do sonho,
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