domingo, 23 de agosto de 2015

No trilho das cascatas

Esta semana aproveitou-se a ponte e, com mais uns dias de férias, ficámos com nove para seguir a oeste. Que de Budapeste, o fantástico é onde se pode chegar com um dia de viagem, com as suas sete fronteiras e mais alguns vizinhos, temos a Roménia, a Eslovénia, a Eslováquia, a Croácia, Ucrânia, Sérvia, Áustria e ainda, com um pouco mais de vontade, a Polónia, a República Checa, a Bósnia. Destes, escolhemos dois:

Croácia
Ilha de Pag

Croácia porque é Agosto, porque se quer mar e peixe grelhado. Mas atenção, lição número um, a que aprendemos a primeira vez que aqui chegámos de havaianas e páreo ao ombro: não se vai à Croácia fazer praia. Não se esperem areais a perder de vista e ondas azuis : esperem-se pontões de cimento com escadas para o mar, esperem-se praias de calhau roubadas aos rochedos. É preciso aprender primeiro essa lição para a verdadeira Croácia se revelar, um país fantástico onde podemos acordar à beira mar e adormecer no seio de montanhas, um país de rochas escarpadas, cascatas que desafiam a realidade, um país de ilhas remotas, carneiros, pinheiros e cigarras, um país de barcos que transportam para pequenos fins do mundo, baías perdidas, casas cruas da montanha plantadas à beira mar, vilarejos perdidos, água cristalina revelando os peixes, leitão assado, vendedores de queijo e mel, figos maduros, e uma angústia deixada pelas cicatrizes da guerra nos edifícios. Da Croácia gostarei de fugir do que aparece nos catálogos, Dubrovnik, Zadar, eventualmente Split, com seus menus em inglês e vendedores de excursões e bugigangas. Mas irei sempre querer regressar às suas remotas ilhas, à crueza de Senj, ao topo das montanhas, ao vilarejos de Instria, a Rovinj, e às fantásticas cascatas de Plivice, onde o turismo não esmaga os 18 quilómetros de quedas de água e lagoas infindáveis em azul profundo.

Eslovénia
Vale do Soča

Eslovénia no regresso, fazendo fintas aos dias de chuva e continuando a maratona de maravilhas naturais iniciadas na vizinha croata, seguimos para norte, para os Alpes Julianos por estradas corridas a caravanas, antes pausando para uma visita a algumas aldeias que salpicam o topo das montanhas. E são esguias torres de igreja combatendo a altura dos telhados mas inúteis perante a imensidão das montanhas. Pausamos para visitar as fantásticas grutas de Skocjan com as suas abóbadas de catedral e fossos infinitos onde correm rios e cascatas, para se abrir em gargantas que racham a meio a floresta, e daqui para a frente serão só cascatas, todos os dias, cascatas desaguando no fantástico rio Soča, o rio esmeralda. Aqui, no Vale do Soča, ficamos três dias, quando apenas tínhamos planeado um. Há demasiado para ver, um camping perfeito (camping Lazar) onde sempre ardem fornos de lenha que durante o dia assam delicioso cabrito e durante a noite amansam as frias noites dos Alpes. Há caminhadas inevitáveis, trincheiras da primeira grande guerra, há pontes suspensas, há rafting, há florestas como em fábulas, há pequenas praias onde se apanha sol e se refresca na água pura, a 15 graus. E com a calma de aqui ficar, deixamos algo para as próximas visitas: o lago Bohinj, outros caminhos pelas montanhas, ou até este mesmo lugar. Porque a Eslovénia, "Suíça dos Bálcãs", maravilhosa, inexplorada, de gentes simpáticas, merece sempre mais uma visita.

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