sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Telhados


Odeceixe

Eu sou coração pulsante e água fresca
Sou telhados de Lisboa na luz dourada das oito horas
Eu sou minha, despertada.
Tenho os pés descalços e uma saia rodada e é Verão
E apaixono-mo pelo rio como pelos poetas
Porque apenas procuro as coisas que reflectem.
Na verdade é por mim que me apaixono
Pelas minhas formas deselegantes e olhar aberto
Apaixono-me pelo meu coração, carente de música
E abraços.
Apaixono-me pelas palavras que despejo e nem sei se são minhas
Ou por passos que um dia darei na areia.
Um dia irei pegar num punhado de areia
E separar os grãos um a um
Para ver a luz que os atravessa
Porque eu sou ingénua como a água que os molha
Repetidamente, em vagas
E não chegarão os dias para as surpresas.
Hoje sou uma menina sentada no telhado
Mãos nos joelhos
E o melhor presente é saber que posso olhar o rio como se fosse a primeira vez
O melhor presente é encontrar quem me lembre
Que cá dentro bate a alma
E os dias são finitos.





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